ATOS,

A IGREJA

EM AÇÃO



- Estamos retomando nossa reflexão sobre o que é Igreja.

- A Igreja tem um dono, e este se chama Jesus Cristo, o Filho de Deus.

- Hoje queremos fazer um passeio no livro de Atos dos Apóstolos. Este livros escrito pelo médico amado, Lucas, é o único livro histórico do Novo Testamento e traz uma visão da vida da Igreja do primeiro século.

- É um engano quem pensa que temos que viver de igual modo que a Igreja primitiva. Não é isso que vamos abordar.

- Há princípios que são aplicáveis a nós hoje. O Evangelho é o mesmo, a pregação e a doutrina não mudam, mas a ação e aplicação desta mensagem acompanham o contexto em que vivemos.

- É muito importante não somente descobrirmos estes princípios, mas acima de tudo aplicá-los de modo a viver de modo que a agrade ao Senhor da Igreja.

- Em tempos de mercantilização, onde as igrejas, pastores e líderes são tentados a buscar uma nova estratégia, em que a Igreja é mais uma empresa que uma comunidade, precisamos voltar nossos olhos à Palavra de Deus para não nos desviarmos de Sua vontade.

- AÇÃO, NÃO ATIVISMO...Geralmente quando falamos em ação as pessoas pensam em ativismo.

- O Aurélio define ação de diversas formas. Mas encontrei algumas considerações interessantes.

- Ação é o Ato ou efeito de agir, de atuar; atuação, ato, feito, obra; Manifestação de uma força, de uma energia, de um agente; Maneira como um corpo, um agente, atua sobre outro; efeito; Capacidade de mover-se, de agir; Movimento, funcionamento; Modo de proceder; comportamento, atitude; Exercício da força, do poder de fazer alguma coisa; Influência (sobre alguém ou alguma coisa); Ocorrência, acontecimento, sucesso.

- Já ativismo é diferente. Ativismo é a Doutrina que faz da atividade a essência da realidade. Ou seja, as pessoas precisam fazer alguma coisa, a vida é guiada por atividades, não importando se elas são produtivas ou não.

- E a Igreja na sua caminhada muitas vezes confundiu ação com ativismo. Quantas vezes não fizemos coisas sem saber o propósito do que estávamos realizando?

- A Igreja de Atos nos traz alguns princípios importantes de sua ação e que devemos aplicar em nossa realidade:

1. Princípio da Submissão.

- Estar submisso significa “obediência, sujeição, subordinação; Disposição para aceitar um estado de dependência; docilidade”.

- Quando leio a história da Igreja primitiva vejo este princípio se aplicando.

- A submissão a Cristo era patente. Quem dirigia a Igreja era o Senhor.

- O que podemos ver no livro de Atos?

- Jesus, antes de subir ao céu, deu uma ordem: “Eu lhes envio a promessa de meu Pai; mas fiquem na cidade até serem revestidos do poder do alto” (Lucas 24:49). E foi isso que eles fizeram, pois eles tinham em suas mentes a promessa de Cristo: “Mas receberão poder quando o Espírito Santo descer sobre vocês, e serão minhas testemunhas em Jerusalém, em toda Judéia e Samaria, e até os confins da terra” (Atos 1:8).

- Eles nada fizeram até que foram cheios do Espírito Santo.Aliás, este é um tema muito claro em Atos: A Direção do Espírito Santo.

- Vemos uma Igreja onde há plenitude do Espírito Santo, onde os dons do Espírito são os instrumentos da vida, onde a voz do Espírito guia os crentes, assim como Jesus mesmo tinha dito.

- Por vezes ficamos patinando em muitas atividades porque não ouvimos a voz do Senhor, porque não obedecemos a sua direção. Como falamos domingo passado, a Igreja pertence a Cristo. Ora, se a Igreja é dEle, por que nós temos que agir como se a Igreja fosse uma coisa humana? Por que agimos como se fosse algo nosso?

- Irmãos, hoje precisamos pedir perdão a Deus por algumas coisas que foram feitas por pura motivação humana, por decisões que já tomamos sem ouvir a voz de Cristo. Com certeza já erramos e vimos como nossos erros produziram ao invés de fruto de glória para Cristo, tristeza e dúvida.

- Quais são as características que marcam uma Igreja submissa a Cristo?

 Oração.

- A oração é fundamental para poder discernir a vontade de Deus. Sem oração a Igreja morre.

- Quando os discípulos decidiram o substituto de Judas Lucas diz: “Todos eles se reuniam sempre em oração...” (Atos 1:14).

- Foi a oração que sustentou e livrou a Pedro na prisão: “Pedro, então ficou detido na prisão, mas a igreja orava intensamente a Deus por ele” (Atos 12:5).

- As decisões desta igreja eram envolvidas com muita oração.

- No culto da igreja de Antioquia o Espírito Santo chamou Saulo e Barnabé para fazer missões. Veja o que diz Lucas: “Assim, depois de jejuar e orar, impuseram-lhes as mãos e os enviaram” (Atos 13:3).

- Até a escolha de pastores nas igrejas eram feita mediante a oração, não pela capacidade humana: “Paulo e Barnabé designaram-lhes presbíteros em cada igreja; tendo orado e jejuado, eles os encomendaram ao Senhor, em quem haviam confiado” (Atos 14:23).

- Jesus, antes de ser preso, estava com os discípulos no Monte das Oliveiras. Ele chamou seu pequeno grupo para orar. Infelizmente Pedro, Tiago e João dormiram no ponto (literalmente). Jesus fez uma séria advertência: “Vigiem e orem para que não caiam em tentação. O espírito está pronto, mas a carne é fraca” (Mateus 26:41). Isso aqui está longe de ser uma sugestão, embora muitos cristãos imaginem – erroneamente – que seja.

- Por que às vezes somos desleais com Cristo? Porque não vigiamos. Não buscamos o poder de Deus para nossas vidas. Por que caímos em certos pecados? Porque sem a vigilância necessária ficamos sem defesa.

- A oração é o momento em que deixamos de confiar em nós mesmos e nos submetemos à direção de Deus. É o momento em que a nossa debilidade carnal cede lugar ao espírito que se rende ao Espírito do Senhor.

- Veja a orientação do apóstolo Paulo: “Orem no Espírito em todas as ocasiões, com toda oração e súplica; tendo isso em mente, estejam atentos e perseverem na oração por todos os santos” (Efésios 6:18).

- Eu vi uma frase que dizia assim: “Satanás treme quando vê o mais fraco santo de joelhos”.

- No texto de Efésios Paulo nos dá algumas orientações interessantes: Em qualquer circunstância devemos orar segundo a orientação do Espírito. Ou seja, a comunhão com Deus é imprescindível para que haja orações corretas e poderosas.

- A oração não é meramente um exercício humano, e sim um trabalho conjunto entre nós e o Espírito Santo.

- A oração precisa ser perseverante. Paulo diz: “com toda oração e súplica”. Aqui encontramos uma expressão enfática, que indica uma vida de oração plena, intensa, perseverante e ampla.

- A palavra grega para “oração” é proseuch/j (proseuchês), que quer dizer “votar, implorar, anelar por”.

- Significa o desejo sincero da alma, em que o crente depende de Deus, entregando-lhe a alma. E a palavra “súplica” vem do grego deh,sewj (deêseôs), que significa “rogo, petição” . Estas palavras juntas nos apontam para a necessidade de não desistirmos facilmente. Temos que “orar sempre, sem jamais esmorecer” (Lucas 18:1).

- A oração é companheira de dois elementos imprescindíveis. Que elementos são estes? Atenção e intercessão. A atenção (estejam atentos) do grego avgrupnou/ntej (agrypnuntes) aponta para a idéia de “ficar acordado, vigiar, ficar sem dormir, ficar de guarda, ser vigilante”.

- A oração precisa estar atenta para aquilo que Deus está realizando. Muitas vezes perdemos de vista a ação de Deus e acabamos orando por coisas que Deus não está interessado.

- A pergunta é: Você sabe o que Deus está fazendo agora? E a intercessão (perseverem na oração por todos os santos) está ligada à perseverança . Geralmente gostamos de orar pelos nossos pedidos e pouco pelos outros. Mas a oração dirigida pelo Espírito com certeza nos fará interceder pelos nossos irmãos.

- Jamais podemos nos esquecer que os nossos irmãos “em todo o mundo estão passando pelos mesmos sofrimentos” (1Pedro 5:9).

 Palavra de Deus.

- A Igreja precisa se fundamentar na verdade das Escrituras, não na “verdade pessoal” de alguém.

- A Igreja não é dirigida por “revelações”, mas pela Revelação que é a Palavra de Deus, Palavra Infalível firmada na pessoa única de Jesus Cristo.

- Quando lemos Atos vemos uma igreja que pregava a Palavra viva de Deus. A mensagem era clara: Jesus é o Cristo, ressurrecto dentre os mortos e Senhor absoluto.

- Na pregação de Pedro no Pentecostes três mil pessoas foram batizadas.

- Depois da cura do coxo na porta Formosa, diz a Bíblia que “muitos dos que tinham ouvido a mensagem creram, chegando o número dos homens que creram a perto de cinco mil” (Atos 4:4).

- O que impulsionava esta igreja era a Palavra e sua influência na vida das pessoas. Leia comigo este texto: “Assim, a palavra de Deus se espalhava. Crescia rapidamente o número de discípulos em Jerusalém; também um grande número de sacerdotes obedecia a fé” (Atos 6:7).

- Foi esta Palavra de Deus que alcançou samaritanos (Atos 8:14) e gentios (Atos 11:1). Apesar das perseguições e desafios que esta igreja enfrentava, “a palavra de Deus continuava a crescer e a espalhar-se” (Atos 12:24).

- Num mundo que perdeu os valores e que apregoa que não há nada em que se confiar, temos o desafio de continuar pregando a Palavra de Deus.

- Numa geração analfabeta das Escrituras, que vive à busca de revelações, profetas e ungidos, Deus nos chama a continuar no fundamento firme e incontestável de Sua Palavra.

- Aqui nós prezamos a mensagem clara e autêntica de Jesus Cristo. Não tenho medo de dizer que a verdadeira revelação só existe na Bíblia. Não saia por aí atrás de “revelações” que na verdade são “revelamentos” humanos, com o intuito de prender as pessoas num misticismo sufocante e ignorante.

- Como igreja temos que ser como a Igreja de Beréia: “Os bereanos eram mais nobres do que os tessalonicenses, pois receberam a mensagem com grande interesse, examinando todos os dias as Escrituras, para ver se tudo era assim mesmo” (Atos 17:11).

 A Plenitude do Espírito Santo.

- A Igreja de Atos é uma igreja que vive na dimensão do Espírito. Quando falo de plenitude falo de alguém cheio do Espírito Santo. Isso é muito comum em Atos. Jesus disse que eles receberiam o poder do Espírito sobre suas vidas (Atos 1:8), o que de fato aconteceu, quando na festa de Pentecostes foram cheios do Espírito (Atos 2:4).

- Foi cheio do Espírito que Pedro falou diante do Sinédrio (Atos 4:8).

- Uma das características principais dos homens que seriam escolhidos para cuidar da obra social da Igreja era ser cheio do Espírito (Atos 6:5).

- Estevão estava cheio do Espírito quando viu Jesus sentado à direita de Deus (Atos 7:55).

- Ananias impôs as mãos sobre Saulo, de modo que ele fosse curado de sua cegueira e fosse cheio do Espírito (Atos 9:17).

- Enfim, esta ação do Espírito era imprescindível.A igreja é formada pelos seus membros, não apenas pelos pastores e líderes.

- A pergunta que faço nesta noite é: Você, membro, líder, até mesmo pastores, está cheio do Espírito?

- Será que podemos dizer que a nossa igreja experimenta esta manifestação de Deus?Por vezes falar sobre isso numa igreja batista parece ser um tabu terrível. Mas eu quero falar da Palavra de Deus e de sua mensagem. E ela me diz que o cristão precisa ser cheio do Espírito, caso contrário será cheio de outra coisa.

- É melhor ser cheio do Espírito de Deus do que ser cheio de cerveja;

- melhor ser cheio do Espírito que ser cheio de pensamentos malignos e imorais;

- melhor ser cheio do Espírito do que ser cheio de malícia, engano e mentira.

- Ser cheio do Espírito não é uma sugestão, é uma ordem. E a igreja só poderá cumprir sua missão se ela obedecer a Cristo.

- Olhando Atos vemos que a Igreja movia-se segundo a orientação do Espírito.

- Paulo, Barnabé, Pedro, João e tantos outros pregavam de acordo com aquilo que o Espírito os guiava. Nisso eram cheios do Espírito para pregarem, para enfrentarem desafios, para suportarem perseguições, para manifestar algum ato miraculoso de Deus, enfim, tudo dependia da ação do Espírito Santo.

- Qualquer crente pode ser cheio do Espírito. Mas como? Indo a Jesus, que é a fonte das águas vivas. É dEle que recebemos a plenitude do Espírito. E como não temos sede apenas uma vez no dia, mas sempre vamos beber água, da mesma forma buscamos a Jesus pela fé, todos os dias e momentos, suplicando: Enche-nos com Teu Santo Espírito.

- Este princípio da submissão pode ser resumido num versículo e gostaria que todos lessem comigo: “Depois de orarem, tremeu o lugar em que estavam reunidos; todos ficaram cheios do Espírito Santo e anunciavam corajosamente a palavra de Deus” (Atos 4:31).

2. Princípio do Propósito.

- A Igreja tem propósitos claros. Ela não está aqui sem saber de onde veio e para onde vai.

- Por que existimos como igreja? Essa pergunta é fundamental se quisermos participar da Igreja e entendê-la como projeto de Deus para a nossa vida.

- O propósito de nossa igreja é sumarizado em apenas uma sentença baseada em dois textos da Bíblia: O GRANDE MANDAMENTO: “Respondeu Jesus: ‘Ame o Senhor, o seu Deus, de todo o seu coração... alma... e de todo o seu entendimento’.

- Este é o primeiro e maior mandamento.

- E o segundo é semelhante a ele: ‘Ame o seu próximo com a si mesmo’. Destes dois mandamentos dependem toda a Lei e os profetas’.” (Mateus 22:37-40).

A GRANDE COMISSÃO:

“Portanto, vão e façam discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo; ensinando-os a obedecer a tudo o que eu lhes ordenei...” (Mateus 28:19,20).

- Para que você visualize isso melhor veja este quadro:

 “Ame o Senhor, o seu Deus, de todo o seu coração” – isto é ADORAÇÃO

 “Ame o seu próximo com a si mesmo” – isto é MINISTÉRIO ou SERVIÇO

 “Vão e façam discípulos” – isto é EVANGELISMO ou MISSÕES

 “Batizando-os” – isto é incorporar em COMUNHÃO

 “Ensinando-os a obedecer a tudo o que eu lhes ordenei” – isto é DISCIPULADO
Entendemos ADORAÇÃO como um estilo de vida que agrada a Deus. É mais que música ou louvor. Significa uma pessoa que traz prazer a Deus através de uma vida correta. Não adoramos a Deus apenas no culto dominical, mas no dia a dia.

- Temos que entender que, mais importante que uma vida de culto é o culto da vida. Já o SERVIÇO aponta para nosso ministério.

- Para nós cada crente é um ministro, cada tarefa é importante, cada um é capaz de realizar alguma coisa, pois recebeu de Deus o dom para isso. Através de nosso serviço demonstramos nosso amor às pessoas. O melhor lugar para desenvolvermos nosso serviço é no Pequeno Grupo. Compreendemos que os Pequenos Grupos são o coração da Igreja, em que cada membro precisa um do outro.

- Há também o EVANGELISMO, que significa compartilhar a Palavra de Deus. Milhares de pessoas morrem todos os dias sem conhecerem a Jesus como Senhor e Salvador. Ele morreu na cruz para salvar todo aquele que nEle crer. É por isso que nossa Igreja não pode parar de crescer. Há milhares de pessoas sedentas da verdade que liberta.

- Se nos fecharmos a esta verdade estaremos dizendo aos outros: “Vão para o inferno!”. Cremos que nossa igreja precisa crescer grande e pequena ao mesmo tempo.

- Somos também chamados para desenvolver a COMUNHÃO. Quando alguém entrega sua vida a Cristo e o recebe como Senhor e Salvador passa então a fazer parte da família de Deus. O maior símbolo desse passo é o batismo, pois nele você é inserido no Corpo de Cristo. Não há cristãos desvinculados da Igreja. Deus criou você para ser parte de Sua família. A família de Deus vai durar para sempre, e por isso Ele deseja ver muitas pessoas participando da comunhão da família que Ele está formando.

- E temos também o DISCIPULADO que tem como objetivo levar cada crente à maturidade espiritual. Deus não está preocupado com quantas coisas você possa realizar, mas o quanto mais perto do caráter de Cristo você possa estar. Tudo é uma questão de ser, não de ter. Você pode ter um nome de cristão, ter um nome num rol de membros, ter um cargo, mas ainda assim permanecer longe de Deus. Nós como cristãos devemos crescer sempre, buscando sair dos princípios elementares para a maturidade cristã.

- Pedro vai dizer: “Cresçam, porém, na graça e no conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo” (2 Pedro 3:18).

- A Igreja de Atos vivia estes propósitos? Sim, sem dúvida. Observe o que nos diz Lucas. Tive o cuidado de fazer os destaques e você não encontrará isso em sua Bíblia:

“Eles se dedicavam ao ensino dos apóstolos [Discipulado] e à comunhão [Comunhão], ao partir do pão e às orações [Adoração]... Os que criam mantinham-se unidos e tinham tudo em comum [Comunhão]. Vendendo suas propriedades e bens, distribuíam a cada um conforme a sua necessidade [Serviço]. Todos os dias, continuavam a reunir-se no pátio do templo [Adoração]. Partiam o pão em suas casas, e juntos participavam das refeições [Comunhão], com alegria e sinceridade de coração, louvando a Deus [Adoração] e tendo a simpatia de todo o povo. E o Senhor lhes acrescentava diariamente os que iam sendo salvos [Evangelismo]” (Atos 2:42-47).

- Queremos ser uma Igreja dirigida por propósitos, que sabe o que faz e onde quer chegar.

- Queremos que você aprenda quais são os propósitos de Deus, mas acima de tudo que você viva com estes propósitos e ajude a Igreja Batista do Estoril a cumprir os propósitos que Cristo nos deixou e que a Igreja primitiva viveu.

3. Princípio da Visão.

- Visão significa ver além de mim mesmo. Muitos cristãos não conseguem ver além de si mesmos.

- Hoje vivemos numa sociedade autocentrada, com pessoas egoístas que pensam apenas em seu próprio conforto. Não é de estranhar que muitos vivem fechados em si mesmos, sem querer nenhum tipo de envolvimento, nenhum tipo de compromisso, apenas ser espectadores do “show da fé”, da mensagem mercantilizada, da igreja-self service.

- Visão implica em sair da zona de conforto, de ver o que Deus vê. Jesus já tinha falado aos discípulos que eles seriam testemunhas “em Jerusalém, em toda a Judéia e Samaria, e até os confins da terra” (Atos 1:8).

- A visão de Jesus era global, implicando que a tarefa da Igreja é sair e influenciar o mundo ao seu redor. Mas isso não significa que os discípulos captaram esta idéia imediatamente.

- Três acontecimentos motivaram a Igreja primitiva a sair e cumprir a visão de Jesus.

=> O primeiro evento foi à pregação de Estevão, que questionou a centralidade do templo de Jerusalém e a hipocrisia dos judeus em relação à Lei, mostrando que Jesus Cristo foi morto pela maldade deles. Estevão foi apedrejado e isso gerou uma forte perseguição aos cristãos em Jerusalém.

Diz Lucas que “Naquela ocasião desencadeou-se grande perseguição contra a igreja em Jerusalém. Todos, exceto os apóstolos, foram dispersos pelas regiões da Judéia e Samaria... Os que haviam sido dispersos pregavam a palavra por onde quer que fossem” (Atos 8:1,4).Isso nos indica algo interessante. Quando a Igreja não cumpre a visão de Deus, o Senhor mesmo impele Seu povo de alguma forma. A perseguição foi uma permissão de Deus, pois era necessário expandir a mensagem de Cristo. E esta perseguição foi violenta. O verbo grego lymainomai (lumai,nomai) expressa “uma crueldade sádica e violenta”. A morte violenta de Estevão foi o estopim. Deus vai nos mover para cumprir Sua visão, seja de um jeito ou de outro. Com a perseguição os cristãos fugiram de Jerusalém e por onde iam pregavam a mensagem. Queridos, vale a pena obedecer a Deus enquanto Ele nos chama a cumprir Sua vontade.Alguém poderia perguntar: Como Deus pôde permitir uma perseguição contra Sua própria Igreja? A vontade permissiva de Deus está baseada no Seu conhecimento pré-existente, bem como na Sua Soberania. Deus não pode ser acusado de maldade. Devemos nos lembrar que até a ação do diabo está sujeita a permissão de Deus. Ele não podia tocar em Jó até que Deus permitiu. E com a Igreja a perseguição tinha um propósito maior.

Um exemplo moderno foi o que aconteceu com a China. Em 1949 os comunistas venceram o governo da China e 637 missionários foram expulsos e começou uma grande perseguição aos cristãos. O que parecia um desastre total na verdade foi uma bênção.

Aprenda isso:

O vento aumenta a chama. Hoje a Igreja da China é uma das maiores do mundo. Ela não tem templos, mas nas casas a Igreja se reúne e cumpre sua missão. Não despreze a tempestade que Deus pode permitir sobre sua vida.

=> O segundo evento foi à evangelização de Filipe em Samaria. A ousadia de Filipe foi grande, pois a hostilidade entre judeus e samaritanos já durava pelo menos 1000 anos quando as dez tribos do norte de Israel se separaram da casa de Davi. Depois piorou quando Samaria foi destruída e seus habitantes foram deportados para a Assíria em 722 a.C. O território foi repovoado por estrangeiros e dessa mistura racial entre israelitas e assírios surgiram os samaritanos. Depois que os judeus voltaram do exílio para a sua terra e começaram a reconstruir o templo eles rejeitaram quaisquer ajuda dos samaritanos. O preconceito dos judeus era tão grande que seu desprezo chegava a extremos de os judeus nunca atravessarem a região de Samaria. Os samaritanos eram desprezados porque eram considerados pelos judeus como híbridos, tanto na raça como na religião, verdadeiros hereges e cismáticos. Para que você tenha uma dimensão disso seria o mesmo de um judeu entrar na Faixa de Gaza para evangelizar palestinos. Mas por que Filipe fez isso? Porque compreendeu que a visão de Deus ia além de Jerusalém, além dos judeus.Por vezes ficamos centrados em nós mesmos. Por que estamos construindo um templo? Não é para nosso conforto. Quem pensa que o trabalho vai diminuir quando concluirmos a obra engana-se. Temos que olhar para além de nós mesmos. Quantas pessoas estão ao nosso redor sem Jesus? Quantos bairros de nossa cidade precisam ser alcançados? Quantas cidades do interior paulista precisam de Cristo? No Brasil e no Mundo?Alguém poderia questionar: Não temos condições de fazer tudo, por que sair daqui se temos tantos que precisam aqui? A verdade é que a visão de Jesus implica numa perspectiva pluridimensional. Isso nos leva ao terceiro evento.

=> O terceiro evento foi quando Pedro teve uma visão. Do céu descia um lençol contendo todas as espécies de animais quadrúpedes, répteis e aves. Ele ouviu uma voz que dizia para Pedro abater e comer aqueles animais. Pedro se negava a fazer isso.

E a voz lhe dizia:

“Não chame impuro ao que Deus purificou” (Atos 10:15). É interessante notar que Deus quebrou vários paradigmas na vida de Pedro. Quando ele teve a visão estava na casa de Simão, o curtidor.

- Pessoas que trabalhavam com peles de animais era considerado pelos judeus cerimonialmente impuros. Depois ele tem a visão de animais considerados igualmente impuros pelos judeus e três vezes a visão se repete com a mesma dinâmica: Não considerar impuro o que Deus purificou. O que Deus estava fazendo? Levando Pedro à casa de Cornélio, um gentio, temente a Deus. Nenhum judeu ortodoxo entraria na casa de um gentio, nem convidaria para a sua casa. Mas quando Pedro vê Cornélio e sua casa cheia de pessoas para ouvirem o Evangelho de Jesus, ele diz: “Vocês sabem muito bem que é contra a nossa lei um judeu associar-se a um gentio ou mesmo visitá-lo. Mas Deus me mostrou que eu não deveria chamar impuro ou imundo a homem nenhum” (Atos 10:28).

- Deus quebrou outro paradigma.Irmãos, que paradigmas Deus deseja quebrar em nós? Precisamos estar centrados na vontade de Deus, não na nossa.

- Nosso comodismo será abalado por Deus. Ele não nos deixará “deitado eternamente em berço esplêndido”. Se for necessário fazer esta igreja se mover, Ele permitirá provações na vida dos cristãos para que estes busquem mais Sua face. Particularmente, eu não gostaria que fosse por esta via, mas se assim for necessário, amém!

- Precisamos dizer como Paulo: “Todavia, não me importo, nem considero a minha vida de valor algum para mim mesmo, se tão-somente puder terminar a corrida e completar o ministério que o Senhor Jesus me confiou, de testemunhar do evangelho da graça de Deus” (Atos 20:24). Isso significa que, onde estivermos, o que estivermos fazendo, tornaremos nosso ministério.

- De agora em diante meus planos não mais meus, mas de Deus. E tudo que fizer farei para a sua glória, porque o importante não é fazer algo para mim mesmo para Deus.

4. Princípio da Esperança.

- Que esperança é esta? A Segunda Vinda de Cristo.

- Quando Jesus estava subindo aos céus, os anjos disseram aos discípulos: “Galileus, por que vocês estão olhando para o céu? Este mesmo Jesus, que dentre vocês foi elevado aos céus, voltará da mesma forma como o viram subir” (Atos 1:11).Os primeiros cristãos viviam na expectativa de volta eminente de Jesus. Esta esperança os movia a servir e a trabalhar mais para o Reino do que para si mesmos. Por esta razão eles não tinham medo de morrer ou de entregarem tudo, pois nada do que tinham era relevante diante da perspectiva da chegada do Reino de Deus. É claro que isso gerou em muitos um certo exagero, corrigido pelos próprios apóstolos. Mas uma coisa fica clara: Nossa esperança não está centrada aqui.É importante destacar que a palavra dos anjos aos discípulos contém algumas verdades importantes para nós:

 A volta de Jesus é a certeza.

- Com certeza Ele virá. Sua vinda gloriosa será vista por todos e tudo será transformado pela Presença Gloriosa de Jesus.

 Enquanto Ele não vem, temos que continuar testemunhando. Por isso os anjos perguntam aos discípulos: “por que vocês estão olhando para o céu?”.

- No original grego a expressão “para o céu?” ocorre quatro vezes nos versos 10 e 11. Era como se os anjos dissessem que eles não deviam vasculhar o céu. Fundamentalmente era anormal ficarem a olhar para o céu, quando eles tinham sido comissionados para irem até os confins da terra. A terra, e não o céu, deveria ser a preocupação deles, para serem testemunhas, não vasculhadores do céu.

- Assim nós também, não devemos ter nenhuma nostalgia pelo céu, mas desenvolver uma compaixão horizontal pelo mundo perdido, para que as pessoas que precisam de Jesus tenham a mesma esperança que temos, que Jesus Virá outra vez.

- Nutrir a esperança não é nutrir uma utopia. A nossa esperança se firma na convicção que temos nas palavras de Jesus. A utopia é um sonho, geralmente firmado pela mente humana.

- O que não podemos é cometer dois erros perigosos:

Observar a Terra ou Observar o Céu. O que quero dizer com isso? Quero dizer que nossa esperança não é criar uma utopia na terra, como muitos pensam em fazer. Não espere que este mundo vai mudar, pois ele caminha para um fim determinado pelo Senhor da história.

- A Igreja está na terra para testemunhar de Cristo, não para fundar uma teocracia fundamentalista. Até porque quem virá estabelecer o Reino de Deus definitivamente é o próprio Senhor Jesus em Sua vinda.Também não podemos cair no erro de sonhar apenas com os prazeres celestiais. O céu é o nosso lar, estamos a caminho do lar celestial, devemos esperar por este lugar, entretanto não podemos nos desligar do mundo que nos cerca.

- Somos chamados a caminhar neste mundo com um alvo claro, mas influenciando o mundo como sal da terra e luz do mundo. Temos que buscar o equilíbrio, vivendo neste mundo como testemunhas fiéis, esperando algo melhor do que temos hoje.

- A.W. Tozer num artigo intitulado “Por que somos indiferentes quanto ao retorno de Cristo?” disse que há três razões para isso:

* Uma teologia fundamentalista que deu ênfase à utilidade da cruz, e não à beleza dAquele que morreu nela. Isto é, a relação do salvo com Cristo é apresentada como contratual, em vez de pessoal.

* Os cristãos se sentem tão bem neste mundo que têm pouco desejo de deixá-lo. O cristianismo tornou-se algo lucrativo. As ruas de ouro não atraem sobre aqueles que acham fácil juntar ouro e prata no serviço do Senhor aqui na terra.

- A esperança do céu é vista como um seguro na hora da morte, mas enquanto este cristão tem saúde e conforto, por que trocar um bem que se conhece por outro que pouco se sabe?

* A religião passou a ser uma brincadeira boa e festiva. Sendo assim, por que ter pressa? Para muitos o cristianismo tornou-se a mais elevada forma de entretenimento.

- Cristo padeceu todo o sofrimento, derramou lágrimas e carregou a cruz. Agora muitos pensam que tem que apenas desfrutar de tudo que Ele fez.

- Depois que li isto, tenho que concordar com o que Tozer afirma logo depois: “A tribulação sempre deu sobriedade ao povo de Deus e o encorajou a buscar e a esperar ansiosamente o retorno do seu Salvador... Deus fará com que nos desapeguemos da terra de algum modo – do modo fácil, se possível; do difícil, se necessário. É a nossa vez”.

- Quero terminar fazendo uma observação final. Jesus foi crucificado e ressuscitou por volta de 30 d.C. A Igreja nasceu no Pentecostes daquele ano. Quando o livro de Atos termina falando da prisão de Paulo em Roma estamos por volta do ano 60 ou 62 d.C. Fiquei pensando sobre a história desta igreja primitiva. Em aproximadamente 30 anos, numa época que não tinha Internet, telefones, fax, estradas asfaltadas, aviões e muito menos a tecnologia que hoje vemos, os cristãos já estavam espalhados em toda bacia do Mediterrâneo.

- Pense comigo que estes cristãos viajaram em estradas empoeiradas e alcançaram vilas, cidades e metrópoles. Em 30 anos Paulo tinha fundado igrejas nos maiores centros metropolitanos da antiguidade, como Corinto, Tessalônica, Filipos e Atenas, evangelizado grande parte da Ásia Menor e transformado o cristianismo uma influência poderosa, cumprindo aquilo que Jesus tinha dito. Com ele os outros apóstolos se espalharam pelo mundo, muitos deles sofrendo o martírio pelo nome de Jesus. A pergunta que faço é: O que estamos fazendo aqui?

- Igreja não é entretenimento, não é clube social, não é teatro, ninguém aqui está representando alguma coisa. Deus chama a Igreja a influenciar este mundo, a ser testemunha fiel dEle na vida de outras pessoas.

- Nós somos chamados a viver com o mesmo espírito e os mesmos princípios de Atos: “Da multidão dos que creram, era uma mente e um coração. Ninguém considerava unicamente sua coisa alguma que possuísse, mas compartilhavam tudo o que tinham. Com grande poder os apóstolos continuavam a testemunhar da ressurreição do Senhor Jesus, e grandiosa graça estava sobre todos eles.” (Atos 4:32,33).

- Quem vai se dispor juntamente comigo nesta noite a vivermos assim? Espero que você aceite o desafio de viver por um projeto que vai durar para sempre e não algo que em pouco tempo vai ser esquecido. Vamos orar.






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