O Céu Reina

– Dn 4.24-26





- O céu reina. Porém, às vezes a vida parece um inferno. Quantas pessoas em momentos tensos em sua seção de trabalho, casa, parentela, já proferiram a expressão: “Isto aqui é um Inferno”! Outros, por sua vez, por causa das circunstâncias da vida e do desespero momentâneo dizem: “Minha vida é um Inferno”! Apesar de tudo isso, o céu reina.

- O livro de Daniel é um livro que fala de vários reinos: o Babilônico, com Nabucodonosor e Belsazar; o Medo-Persa, com Dario e Ciro; aponta para o Reino Grego, com Alexandre, o Magno, e seus quatro generais; o Reino Romano e, principalmente, o Reino dos céus.

- Dizer que “o céu reina”, significa dizer que Deus está no controle de todas as coisas. É dizer que Deus é o Senhor e nada foge ao Seu controle. Mas como o céu reina se tudo parece uma bagunça? O reino dos céus foi implantado por meio de Cristo, mas ainda não consumado em sua totalidade, o que será no retorno de Cristo. Esta é a tensão cósmico-teológica na qual vivemos: somos cidadãos do céu, temos um novo Rei, novos valores, novos pensamentos, tudo novo, porém vivemos no velho. Isto gera tensões, quase incontornáveis. Porém, mesmo ainda não consumado, o céu reina.

- Nabucodonosor precisava reconhecer isto. Após ter um sonho de difícil interpretação, o rei convoca Daniel para esclarecê-lo. Daniel explica ao tirano que ele será tirado dentre os homens e se tornará semelhante a um animal – segundo alguns intérpretes, licantropo – durante sete tempos, até que conheça que o Altíssimo é quem tem todo o domínio, e que o céu reina (Dn 5.24-26). Daniel era um homem com familiaridade com os assuntos e seres celestiais e entendia bem do que estava falando.

- Daniel pertencia à corte palaciana. Era jovem de cultura fina, requintes nababescos. Foi levado em cativeiro junto com os judeus (1.2) e selecionado por Aspenaz, que fora incumbido por Nabucodonosor de separar jovens para participarem de um preparatório para o “Itamarati” da época (1.3), ou seja, eles seriam preparados para trabalhar junto ao rei.

- Os candidatos receberam uma bolsa integral de faculdade de letras e lingüística de três anos (1.4-5), além do alojamento e bandejão (1.5). Daniel pediu a Aspenaz que lhe deixasse ter outra dieta. Aspenaz receiou que os resultados de sua própria dieta não fossem eficazes e temia que o rei não se agradasse (1.8-10). Resoluto, Daniel apelou ao despenseiro para fazer um teste de dez dias na dieta deles (1.11). O despenseiro concordou e Daniel e seus amigos apresentaram-se mais vistosos que antes (1.12-15). Mesmo comendo legumes ao invés de manjar, Daniel e seus amigos engordaram (1.15), e foram considerados bem saudáveis, no conceito de saúde epocal (ou seja, “gordinhos”). Assim, o despenseiro efetivou a dieta de Daniel e seus amigos (1.16).

- Ao final dos três anos, na prova de estágio do concurso para diplomata, Daniel e seus amigos gabaritaram e receberam a vaga do estágio, sendo, posteriormente, efetivados (1.17-20).

- Daniel foi levado em cativeiro, uma situação completamente contrária e adversa. Tudo poderia contribuir para o desânimo e depressão de Daniel, contudo, Daniel tinha o céu reinando em seu coração e sua vida, e sabia que Deus estava no controle de todas as coisas. Mesmo estando em cativeiro, com o céu reinando no coração, muitas coisas podem ser mudadas.

I. Primeiramente, quando o céu reina no coração, um homem pode mudar o status quo por sua integridade e fidelidade (6.4-5).

- Daniel cumpriu a lei para mudar a lei.
- Daniel e seus amigos são homens que, por sua integridade e fidelidade a Deus mudaram a lei e, consequentemente, o status quo no qual estavam inseridos.

- Nos três maiores momentos de tensão do livro, em que a vida de Daniel, Ananias, Misael e Azarias corriam perigo, estas situações drásticas são transformadas para situações nas quais o nome de Deus é glorificado e Daniel registra que “foi feito um decreto e... prosperou”.

- Nabucodonosor não conseguia lembrar e interpretar o sonho. Ameaça de morte os intérpretes e sábios da época. Daniel consegue interpretar e é decretado governador de toda a província da Babilônia e principal governador de todos os sábios e prospera (2.48-49). Ananias, Misael e Azarias são lançados na fornalha ardente por não se prostrarem diante da estátua de Nabucodonosor quando o sinal era dado. O fogo não teve poder sobre seus corpos na fornalha ardente. O rei os retira, decreta que ninguém poderia dizer blasfêmia contra o Deus deles e os fez prosperar (3.29-30). Belsazar deseja saber o que foi escrito pela Mão durante seu banquete. Daniel é chamado e interpreta. Belsazar decreta que Daniel seja o terceiro dominador no reino e o cumula de ouro e riquezas (5.28). Invejosamente conluiando contra Daniel, outros políticos tramam um plano de que ninguém poderia fazer qualquer petição a Deus ou homem naquele mês. Em sua habitualidade Daniel prossegue em suas práticas devocionais de oração e é preso e lançado aos leões. Ileso, é retirado na manhã seguinte pelo rei, que decreta que todos em seu reino devem temer e tremer o Deus de Daniel, que prospera no reinado de Dario e Ciro (6.26-28).

- As armas de Daniel não eram as mancomunações de seus inimigos, eram a integridade e fidelidade a Deus.

- Não use as armas de seu inimigo. Suas armas são diferentes. Não responda na mesma moeda, sua moeda é diferente. Sua moeda é o amor.

- Nos tempos de Ester, Hamã também tentou armar mudando leis para efetuar um genocídio legal do povo judeu. As armas de Ester e Mardoqueu foram a sabedoria para agir e a graça do rei para contornar uma situação aparentemente sem saída. Pode-se dizer deles que lembrariam Ernst Bloch ao dizer que: “Não existe beco sem saída. Na pior das hipóteses você sai por onde entrou”.

- Se você foi transferido para uma seção contra a sua vontade, cumpra a lei para mudar o ambiente.

- Se você foi para uma sala que não era do seu desejo, cumpra a lei para mudar.

- Andrew Murray, quando convidado para uma campanha evangelística na África do Sul, teve acusadores que buscavam algo para prende-lo. Seu algoz concitou-os: “Busquem saber se Murray vive tudo o que prega”. Após busca diligente, seus investigadores relataram: “Murray não prega nem metade de tudo o que vive”, tamanha era sua idoneidade.

- A mudança do status quo é gradativa e paulatina, como foi com Neemias. Nesta mudança, deve haver sabedoria, como Neemias (Ne 6.3), pois estamos no meio de uma alcateia (Mt 10.16).

- O que Jesus propõe não é mudança de natureza, mas mudança de forma de relacionar-se, ou seja, não deixamos de ser ovelhas, mas com lobo a gente age diferente.

II. Em segundo lugar, quanto o céu reina, analisamos a situação de maneira coerentemente espiritual, mesmo no cativeiro.

- Nossa maneira de ver parte da perspectiva da Escritura.

- A oração de Daniel, em Daniel 9.4-19 é digna de análise e menção por sua profundidade e sabedoria espiritual. Daniel inicia a oração por ter interpretado, a partir da profecia de Jeremias, que os setenta anos do cativeiro se cumpriram (9.2-3). Sua oração tem um foco: o apelo à misericórdia do Senhor (9.4, 9, 18). O foco de Daniel é a misericórdia de Deus, pois Daniel reconhece que seu povo pecou, cometeu iniqüidade e foi rebelde (9.5-6). O povo ficou confuso (9.7-8). Por terem abandonado os mandamentos de Deus a maldição os alcançou (9.10-14). Daniel reconhece pontualmente que a maldição é consequência do pecado (9.11). Assim sendo, Daniel reconhece que o cativeiro do povo é uma questão de justiça divina (9.7, 16, 18). A única forma do povo obter o favor de Deus é se arrependendo de seus pecados, apelando à misericórdia do Senhor e pedindo-Lhe perdão (9.9), que é a conclusão da oração de Daniel após passar pelo reconhecimento do pecado, pedido de misericórdia e noção de justiça divina.

- Tiago diz que nossas orações não são atendidas porque pedimos mal. Oramos por coisas que Deus detesta.

- Colocamos um político na igreja e oramos para que Deus abençoe suas mancomunadas.

- Não estudamos e pedimos para Deus abençoar na prova.

- Estamos com um bocado de coisas que pedimos emprestado de um irmão e oramos a Deus para que o irmão nos perdoe.

- Transferimos para as palavras o que necessita de atitudes. Precisamos ser concretos e coerentes.

- Neemias foi concreto em seu avivamento (Ne 4.9), assim como coerente e prático (Ne 13.25).

- Tudo o que recebemos é graça de Deus. Sua graça caminha com Seus demais atributos: justiça e simplicidade. Deus ser simples significa que todos os Seus atributos estão no mesmo patamar de igualdade. Nenhum é maior que outro. Assim sendo, Deus não nos dá por mérito, mas por graça, porém na Sua graça, também opera Sua justiça.

- Não merecer a graça e pecar deliberadamente é diferente.
- Não mereço nada de Deus, mas Ele me dá. Isso é graça.
Peco deliberadamente. Ele continua dando graça, mas piso nela; rejeito. Como a justiça opera sobre todos, vejo a maldição me alcançar, pois rejeitei a graça.

- Uma oração coerente é sinérgica. É onde sei que dependo de Deus para receber, mas responsavelmente, cumpro a minha parte com uma vida digna. Deus te dará o escape, mas você precisa fazer a sua parte.

- Deus vai cumprir seus ideais, mas você precisa colocar no papel as etapas.
- Deus dará o livramento desta crise financeira, mas você precisa ser mais disciplinado e organizado.
- Deus vai te dar a cura desta doença, mas você precisa fazer mais exercícios e mudar seus hábitos alimentares.

III. Em terceiro lugar, quando o céu reina em nosso coração, nossa percepção espiritual se torna mais concreta.

- Daniel era homem sensível e suas emoções e sentimentos estão plenamente envolvidas em seu ministério.

- Quando Nabucodonosor tem seu segundo sonho (4.1-18) e pede que Daniel o interprete, Daniel fica atônito durante uma hora (4.19). Depois da visão dos quatros animais o espírito de Daniel ficou abatido em seu corpo (7.15). Continuando esta visão seus pensamentos o espantavam e seu semblante mudou (7.28). Como Ezequiel, Daniel cai sobre o seu rosto (8.17), fica sem sentidos (8.18) pelas visões que lhe são mostradas (8.18, 10.11). Fica fraco e doente pela intensidade das visões (8.27). Esteve extremamente triste e não comeu por três semanas completas pela intensidade das revelações (10.2-3). Contemplando uma visão à borda do rio Hidequel, Daniel perdeu as forças e desmaiou, caindo profundamente adormecido (10.8-9). Ao ser acordado por alguém, ele fica trêmulo (10.11). O anjo lhe dá a explicação minuciosa do que ocorrerá futuramente (10.14-12.4).

- Nossa percepção espiritual é vivificada quando nos convertemos a Cristo. É desenvolvida à medida que nos aprofundamos em nossa vida cristã. Porém, também pode ser embotada e diminuída.

- Sansão embotou-a de tal forma que não percebeu que seu poder espiritual não era mais o mesmo (Jz 16.20).

- Esfriamento gradativo, traumas, marcas, abusos, contribuem na perda desta sensibilidade.

- Infelizmente, tendemos à categorização. Ora a percepção espiritual está completamente fechada, ora espiritualizamos tudo. Muito disso vem da falta de equilíbrio.

- Às vezes pulamos de cabeça no repléplé, vemos os bastidores e nos chateamos tornando-nos incrédulos.

- Às vezes só estudamos, aí conhecemos o mover e achamos que nenhum estudo presta. Os cinco maiores homens de Deus na História (Moisés, Paulo, Agostinho, Lutero e Wesley) fizeram esta perfeita conciliação.

- É o equilíbrio que a Bíblia ordena: Mt 22.29, 23.23; Ec 7.16; 1Co 14.15; Pv 30.7-9).

- A percepção espiritual é aguçada novamente à medida que nos aproximamos dEle em oração, integridade, e reflexão a partir da mente de Cristo. A vida de Jesus alimentava uma expectativa espiritual (Lc 4.18-20).

- O Céu reinava na vida e coração de Daniel. Isto era para ele uma realidade inolvidável da qual ele tinha que ensinar a Nabucodonosor. Pelo céu reinar em seu coração o cativeiro transformou-se em lugar de prosperidade.

- Como José no Egito, Deus o fez próspero na terra da sua aflição (Gn 41.52). Deus te fará próspero na terra da sua aflição. Na vida de Josés e Daniéis, Egitos e Babilônias se transformam em Canaã.

- Daniel não ficou chorando pelo passado. Ele foi em busca de algo novo e transformou o lugar onde estava. Pensou como Mardoqueu disse a Ester: Será que não foi para um tempo como esse que você chegou a esse reino? (Et 4.14).

- Deus te levou para este lugar para mostrar como o nome dEle pode ser glorificado por um fiel em uma situação adversa.

- Deixe o céu reinar em seu coração e você transformará o status quo ao seu redor por sua integridade e fidelidade a Deus.

- Deixe o céu reinar em seu coração e passe a analisar as situações de maneira coerentemente espiritual.

- Deixe o céu reinar em seu coração para sua percepção espiritual ser mais concreta.

- Fazendo assim, seu cativeiro não mais lhe prenderá, mas regado pelo Espírito se transformará em terra que mana leite e mel, a desejada Canaã.

AUTOR E FONTE: Pr. Henrique Araujo / http://www.teologiacontemporanea.com.br/index.php?pg=mensagem&&id=153





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