O pecado e
a graça comum

(Mt 5.43-48)


Objetivo do Estudo:

- Saber que a graça comum é o meio que Deus usa para refrear o pecado e possibilitar aos seres humanos uma vida até certo ponto digna e desenvolvida, apesar de todo o pecado e maldade existentes.

O estudo numa frase:

- A graça comum é a responsável pelo refreamento do pecado e pelo desenvolvimento da sociedade humana.

Panorama bíblico:

- No Sermão do Monte, Jesus explica o valor da lei. As atitudes externas são apenas conseqüências de sentimentos interiores. Por isso o pecado reside no interior e não apenas no exterior.

- Jesus não está abolindo as leis civis e criminais, apenas destacando que cristãos, pessoalmente, precisam ter atitudes diferentes.

- Jesus coloca como exemplo supremo dessa bondade o próprio Deus, que distribui seus benefícios mesmo para os desobedientes. Isso demonstra, indiretamente, que Deus tem uma graça até para os perdidos, o que chamamos de “graça comum”.

- Por essa graça Deus concede benefícios para a humanidade, mesmo sobre aqueles que não são nem serão salvos.

INTRODUÇÃO

- Jesus ensinou que Deus mostra favor até ao perverso (Mt 5.44-45). Há uma parcela da bondade de Deus que é acessível a todos os seres humanos, mas isso nada tem a ver com salvação.

- O ser humano, após a queda, foi expulso do jardim. Seguiu sua vida e construiu sua existência, quase sempre longe de Deus. Assim, a situação humana é de total depravação, que implica a submissão do mundo ao maligno e a escravidão do homem ao pecado.

“Por causa da queda, cada ser humano é fundamentalmente egocêntrico e sem amor, odiando Deus e odiando os outros”. [1]

- Contudo, ao olharmos em derredor encontraremos muitas pessoas neste mundo que nos parecem dignas, muitas delas demonstram compaixão e amor pelos semelhantes.

Como podemos explicar que exista uma certa medida de bondade nas pessoas?
I – QUE BONDADE É ESSA?

- Um monge chamado Pelágio ensinava que o homem não havia herdado nenhum pecado de Adão. O que acontecia era que o homem geralmente imitava Adão.

- O Pelagianismo, portanto, defende que a natureza humana não é essencialmente má, ao contrário, é boa.

- Posteriormente, uma espécie de Semipelagianismo sustentou que as pessoas eram apenas inclinadas ao pecado, mas que não eram necessariamente de todo corruptas.

- No tempo da Reforma, calvinistas e arminianos voltaram a debater o assunto. Os arminianos negaram a total depravação, ficando mais próximos do Semipelagianismo.

- O Calvinismo seguiu a linha de Agostinho enfatizando a total depravação do ser humano.
- Contudo, Calvino diferiu um pouco de Agostinho na interpretação do significado das “boas obras” que os decaídos produzem.

- Agostinho entendia que até mesmo as boas ações das pessoas não regeneradas eram atitudes pecaminosas, pois não eram feitas para a glória de Deus e sim para o mérito pessoal.

- Calvino sustentou que o homem é totalmente decaído, mas que Deus tem uma graça “comum” que faz com que as pessoas não regeneradas façam coisas boas, da perspectiva do senso comum.

- Ele entendia que a graça especial é a única responsável pela salvação, porém, Deus usava Sua graça de uma forma diferente, sem o objetivo de salvação, para tornar a vida dos seres humanos mais suportável.

- Portanto, graça comum é a bondade de Deus sobre todas as pessoas, mesmo as não crentes que, sendo criaturas de Deus, são alvo do cuidado divino.

- A graça comum tem a ver com a preservação da vida neste mundo. É por isso que o ser humano não é tão corrupto quanto poderia ser, porque a graça comum o refreia.

II – A GRAÇA COMUM E A CONTINUIDADE DA VIDA

- Desde o início, quando Deus amaldiçoou o ser humano, Sua graça comum já se manifestou pelo fato de permitir que ele continuasse vivendo.

- Embora a terra passasse a produzir “cardos e abrolhos” produz também o alimento necessário para a sobrevivência.

- Ainda que Deus tenha dito à mulher que ela teria dores terríveis na concepção, garantiu que a própria concepção acontecesse.

- A graça comum se manifestou na seqüência, quando o ser humano passou a desenvolver os recursos naturais do mundo.

- Afinal, de onde teria vindo a habilidade para criar gado, fazer e tocar instrumentos musicais e manejar com o ferro (Gn 4.20-22)?

- Parece, entretanto, que pouco antes do dilúvio, Deus recuou o Seu poder de refreamento do ser humano.

- O capítulo 6 de Gênesis descreve a situação, como: “O meu Espírito não agirá para sempre no homem, pois este é carnal; e os seus dias serão cento e vinte anos. Viu o Senhor que a maldade do homem se havia multiplica na terra e que era continuamente mau todo desígnio do seu coração” (Gn 6.1-5).

- Foi desastroso, a ponto de Deus chegar a entender que a única solução seria o aniquilamento da raça humana por meio do dilúvio.

- O dilúvio, entretanto, não extinguiu a nossa raça, pois Deus separou Noé. E quando Noé saiu da arca, Deus demonstrou Sua decisão de novamente refrear o pecado do ser humano. O homem não viveria mais do que cento e vinte anos, o que refrearia bastante o mal (Gn 6.3).

III – COMO A GRAÇA COMUM SE MANIFESTA

- Em geral, o ser humano não é tão mau quanto poderia ser. Isso se deve a um refreamento que Deus lhe impõe. Esses limites são internos e externos. Internamente há a lei da consciência (Rm 2.14-15).

- Externamente existe a autoridade civil e a própria opinião pública (Rm 13.1). Deus concedeu poderes às autoridades civis para que executem a justiça a fim de tornar a vida humana mais suportável (Rm 13.4).

- Uma pessoa não precisa ser cristã para saber que matar, roubar, mentir, adulterar etc., são coisas erradas.

- Essa opinião pública ajuda a restringir o pecado e deve ser considerada uma atuação da graça comum. Porém essa manifestação da graça comum de Deus parece estar cada vez menos atuante no mundo.

- Frente aos ataques maciços dos meios de comunicação, a moralidade que dominava a opinião pública tem recuado. Isso só pode ser uma preparação maligna para a manifestação do anticristo e seu reino imoral.

- São aqueles tenebrosos tempos profetizados pela Escritura, em que o mistério da iniqüidade terá livre curso neste mundo. Parece que já podemos avistá-los.

- Podemos também ver a manifestação da graça comum naquilo que denominamos cultura.

- Deus possibilitou ao homem desenvolver talentos naturais a fim de que por meio da medicina, da tecnologia, das artes etc., pudesse tornar a vida humana menos penosa.

- Essas coisas não colaboram para a salvação de ninguém, pois não têm caráter redentivo, sendo simplesmente benefícios que o Senhor concede aos homens porque Deus é bom.

IV – A GRAÇA COMUM NO FIM DOS TEMPOS

- Parece, entretanto, que no fim dos tempos, a atuação da graça comum irá regredir.

- Deduzimos isso de uma citação de Jesus em Lucas 17.26-27. Talvez Jesus não esteja apenas alertando a possibilidade de Sua vinda pegar as pessoa de surpresa. O comparativo que Ele faz com a situação dos dias de Noé é muito significativo.

- As pessoas daquele tempo não ficaram sem pregação, pois o próprio Noé lhes testemunhava (II Pe 2.5). O fato é que não acreditaram no testemunho dele.

- Parece, pois, que nos dias que antecederão a segunda vinda de Jesus, a graça comum de Deus irá recuar para que o homem seja tão mau quanto conseguir ser.

- Isso parece até bem lógico, pois é nesse tempo que se manifestará plenamente o mistério da iniqüidade, que, segundo Paulo, já opera neste mundo (II Ts 2.6-7).

- A cada ano que passa, as pessoas rejeitam de modo mais consciente e consistente a influência de Deus em sua vida.

V – O VALOR DA GRAÇA COMUM

- A doutrina bíblica da graça comum tem implicações muito saudáveis para os cristãos. Ela acentua o poder destrutivo do pecado. Não há um terreno neutro entre Deus e o mal.

- A ciência, as artes e a tecnologia não estão numa faixa neutra como se pudessem ser buscadas sem a preocupação com distinção cristã.

- A graça comum demonstra que os dons que vemos nos irregenerados são dons de Deus. Eles até podem estar sendo usados para servir a satanás, mas são dons vindos de Deus que, quando bem usados, ajudam os homens a viver melhor.

- Desse modo, não precisamos rejeitar tudo aquilo que os incrédulos produzem, ainda que não precisemos compartilhar das convicções deles.

- Podemos ainda louvar a Deus por ter concedido esses dons, ainda que essas pessoas não façam essas coisas para glorificar a Deus.

- Embora saibamos que um dia este mundo deixará de existir como existe hoje, e devamos ansiar por aquela pátria celestial que nos está reservada, ainda temos muito que fazer e contribuir aqui.

- É preciso que nos interessemos pela política, economia, cultura, ecologia etc. Não devemos fazer isso com um sentimento crédulo de que este mundo será totalmente cristão, porque ele não está reservado para isto, mas podemos lutar por um mundo melhor aqui porque Deus deseja que façamos isso, como parte de nossa vocação cristã.

CONCLUSÃO

- É por causa da graça comum que está em atuação neste mundo que o ser humano não é tão mau quanto pode ser.

- Mas a graça comum de Deus é ainda mais extensa. Embora não contribua para a salvação, pois não tem esse propósito, ela torna a existência humana mais digna em meio à maldição do cosmos.

- É por causa da graça comum que existe o progresso científico, tecnológico e cultural, muito embora, às vezes essas coisas sejam usadas contra Deus.

- Devemos louvar o Senhor do universo por repartir parte de suas bênçãos sobre justos e injustos. Isso demonstra Sua soberania e Sua misericórdia, ao mesmo tempo em que enfatiza Sua santidade e justiça.

APLICAÇÃO

- Você tem dado graças diante de todas as coisas?

- Você tem agradecido a Deus pelo sol e pela chuva, pelos dias bons e pelos dias maus, pelos amigos e pelos inimigos?

- Tem procurado envolver-se com a sociedade de modo construtivo?

- Saiba que essa é a vontade de Deus para o pleno exercício de uma vida cristã saudável!

Autor: Leandro LimaEditora Cultura Cristã - Adaptações: Alceu de Amorim Von-Held

Fonte: http://www.ibsweb.com.br/ipsw3/index.php?option=com_content&view=article&id=436:o-pecado-e-a-graca-comum-&catid=21:estudos-biblicos&Itemid=38

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[1] Anthony Hoekema, Criados a Imagem de Deus, p.208.


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